QUE VINDES FAZER AQUI? – V
No limiar de sua Iniciação, o neófito é surpreendido por uma pergunta direta, forte e simbólica: “Que vindes fazer aqui?”. À primeira vista, pode parecer apenas um ritualístico questionamento formal. Mas para o Maçom que reflete, essa é uma das chaves de toda a jornada maçônica.
A pergunta é simples, mas ecoa profundamente: Qual é o propósito da sua busca? O que te move? Por que desejas ingressar neste templo simbólico de Luz?
Nem sempre o iniciado tem plena consciência da profundidade da resposta. Muitos, inicialmente, respondem com frases prontas: “Buscar a Verdade”, “Ser útil aos meus semelhantes”, “Aprimorar-me como ser humano”. Todas válidas, mas só o tempo revelará se essas palavras são compromissos de alma ou apenas fórmulas decoradas.
Esse questionamento não termina na Iniciação. Ele se repete, ainda que de forma silenciosa, em cada Sessão, em cada prova moral, em cada tomada de decisão dentro e fora do Templo. A Maçonaria é um caminho de reforma íntima, e o verdadeiro Maçom, aquele que se constrói no silêncio e na retidão, deve constantemente se perguntar: “O que vim fazer aqui?”
Vim buscar cargos ou responsabilidades? Ou vim aprender a ser útil, mesmo quando não estou visível? Vim ser servido ou servir? Vim ostentar títulos ou viver os princípios que professo?
Assim, a pergunta inicial não pertence apenas ao rito de entrada. Ela nos persegue, nos desafia e, se permitirmos, nos transforma. Quando um Irmão se esquece do propósito, quando o ego sobrepõe a humildade, essa pergunta deve ressurgir como luz corretiva.
“Que vindes fazer aqui?” – é o lembrete de que a Maçonaria não é fim, mas meio. Não é status, mas processo. É a estrada que leva da ignorância à luz, do orgulho à fraternidade, da aparência à essência.
Que cada um de nós, ao entrar no Templo ou ao olhar-se no espelho da consciência, possa responder com sinceridade e firmeza: “Vim para me transformar, e transformar o mundo através do bem que posso realizar.”
Milton de Souza
Administração participativa e vibrante na maçonaria
“Por que não repetir a presidência, mas renovar a maneira de pensar a liderança.” Já estivemos à frente da Loja